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Cerrado dos Correios

O bioma cerrado, em escala nacional, estende-se por uma área de mais de dois milhões de quilômetros quadrados.

 

Esta mata não é característica do estado do Ceará, contudo, resquícios dela existem em um terreno de quase 300 mil metros quadrados localizado no bairro Cidade dos Funcionários.

 

O cerrado possui uma série de aspectos específicos: solos pobres em nutrientes, ácidos e com elevada concentração de alumínio, e vegetação composta por árvores espaçadas, de médio e pequeno porte.

O espaço desse bioma em Fortaleza é administrado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Nos últimos meses, um intenso debate acerca da preservação e futuro desta área verde foi estabelecido. Em novembro de 2014, os Correios anunciaram que a empresa possuía planos para a construção de edificações no local, fato que gerou inquietação de grupos ambientalistas.

 

No mesmo mês, uma comitiva formada por biólogos, vereadores e advogados fez uma visita técnica à área. Deste encontro nasceu a proposta de criação de uma ARIE e a entrada do ambiente no SNUC. Logo após, os correios afirmaram em nota que: “ainda não foram definidos quais prédios serão edificados na parte do terreno na qual a legislação municipal permite construções”.

O outro cerrado

Dona de Jesus, moradora do cerrado há 40 anos

Entre o empresariado e a proteção, surge outro cerrado. No local, pequeninas casas dividem espaço com a mata e revelam uma Fortaleza quase arcaica. Estas casas – sem muros, protegidas apenas pela cerca metálica dos Correios – possuem balancinhos para crianças, varais de corda amarrados entre as árvores e cacimbões com água.

 

Dona Maria de Jesus, de quarenta e sete anos, há mais de quarenta mora no local. No dia 19 de junho, quando nós a visitamos, com timidez, ela nos concedeu permissão para fotografarmos o local. Mesmo negando uma entrevista filmada, Dona de Jesus, nos revelou como é viver no espaço de cerrado.

 

“A melhor coisa de viver aqui é aproveitar os frutos, nosso quintal é esse espaço”, afirmou. Preocupada com as queimadas constantes que ocorrem no local – as quais nunca foram apontadas as causas – Dona de Jesus revela que tem apenas mais 60 dias para abandonar o local.

 

Ainda que more há cerca de quatro décadas no local, a família não detém a posse de sua moradia e também não tem direito à Lei do Usucapião – o apelo é negado em terras públicas da União.

 

“As outras casas foram poupadas, pois os moradores de lá são funcionários dos Correios. Meu avô já foi, mas isso tem muitos anos”, confessou. Dona de Jesus não foi informada sobre qual será a área do terreno dos Correios a ser utilizada pela empresa ou se realmente ocorrerá a construção dos edifícios no local. “Recebemos uma intimação, apenas isso”.

 

"Espero que vocês, estudantes, publiquem isso em algum lugar, que ajudem. Qualquer ajuda é bem vinda" pediu Dona de Jesus quando nos despedimos do local quando já estava perto do anoitecer. 

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Galeria de Imagens

© 2015 por Daniel de Rezende e Taís Barros

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